PARIR! A realização do sonho que parecia impossível para quem já tinha duas cesárias e ainda morava a 150km de um hospital.
Hoje vai completar um mês que o inimaginável aconteceu! Meu pequeno Mateus nasceu da forma mais bonita, saudável e desejada por Deus e por mim para ele.
Em julho do ano passado, após 2 meses de enjoo, moleza e um pouco de fraqueza cheguei a constatação que mais temia: estava grávida! Não, eu não tinha planejado e sim, eu estava me cuidando para não engravidar.
Foi como se alguém me impedisse de respirar! Eu vivia o momento da minha vida em que finalmente estava colocando minha vida pessoal em dia e começando a me adaptar em ser mãe de dois. Até então eu quase não sabia o que era uma noite inteira dormindo, estava me sentindo finalmente uma mãe sobre o controle da situação. A pior fase da primeira infância dos meus filhos juntos parecia estar passando. Porém, o plano de Deus era maior! Era através do indesejado que Ele iria realizar em mim a maior obra de transformação e entrega da minha vida até aqui.
Com o resultado de farmácia em uma mão e o coração na outra, fui buscar maiores informações sobre parto normal humanizado e a possibilidade de ter meu filho de forma natural, mesmo depois de 2 cesárias indesejadas e traumatizantes. E o resultado desta pesquisa me deixava esperançosa e ao mesmo tempo apreensiva. Quem no país das cesárias toparia fazer o meu parto normal?!
Logo na primeira consulta, depois de ser hostilizada pelo médico, ficou bem claro que pelo plano de saúde seria impossível ver meu filho nascer de forma natural. O SUS oferece, em lugares específicos, um parto humanizado de qualidade. Porém mesmo se aceitassem o meu caso, era fora da minha realidade pois estava morando em Barra do Turvo, uma pequena cidade escondida no meio do paraíso de montanhas ao sul de São Paulo. Desistir do sonho de parir era o melhor a fazer porque tentar achar uma forma disto acontecer estava me consumindo.
Entretanto, mesmo que para o mundo eu fosse fazer uma cesárea, em oração eu implorava por um parto humanizado. Um dia, de forma providencial, eu acabei no ambulatório do Unasp C1. Conversando com a Heli sobre partos, ela me animou e incentivou a falar com a Prof Ivanilde Rocha sobre o meu caso e tentar o parto domiciliar. Depois de muita oração tive certeza de que aquele encontro não fora por acaso e de que Deus estava me guiando.
Tinha dúvidas e até medos em relação ao parto domiciliar, mas logo depois do primeiro e-mail com a Ivanilde minha insegurança foi embora e sabia que tudo aconteceria da melhor maneira para mim e o Mateus.
Como a princípio eu morava a 150 km de um hospital, fazer o parto em minha casa tornava tudo mais arriscado, a Prof Ivanilde me ofereceu a casa para o parto e amigos próximos Daniel e Marla hospedagem para a espera.
Pura ansiedade foram os dias que antecederam o parto, muitas dúvidas vinham a minha mente, porem nenhuma achou morada em meu coração. Deus estava no comando e tudo iria dar certo!
Logo após uma consulta com Ivanilde no dia 17/02 às 21hs as contrações vieram e já começaram com força. A meia noite junto com meu marido e minha amiga Marla voltamos para a casa da Ivanilde começar o trabalho de parto. Contrações constante, ritmadas e suportáveis, porém meu corpo não estava pronto e por isso as horas se arrastaram. Era preciso cuidado e cautela pois eu tive duas cesárias e estímulos para acelerar o a parto poderiam me colocar em riso. Mas neste momento eu não tinha pressa, meu filho estava a caminho e não importava quanto tempo levasse, queria que fosse um parto normal e sem sustos.
Minha amiga Therully chegou e me acompanhou nos batimentos cardíacos do neném, nas massagens e banhos. Sentei na bola, fui para o chuveiro, deitei, agachei, comi, bebi, conversei, dei risada, a noite e a manha foram embora e nada do Mateus chegar.
Estava muito cansada, mas confiante. Ivanilde através de um aparelho se certificou de que não havia mecônio e que para meu filho vir ao mundo ele precisaria mudar de posição. O espaço para sua passagem era pequeno e era preciso algumas manobras. Manobras doloridas, mas que ajudaram meu corpo a ficar pronto.
A exaustão finalmente me alcançou e em meio a fortes e intensas contrações fui parar na partolândia. Nada mais podia ser visto ao meu redor. Os momentos de intervalo me faziam quase dormir, enquanto nos momentos de dor meu foco era respirar e ajudar meu filho vir ao mundo. Todos oravam e torciam por mim, pois agora era comigo! Em oração, no limite do meu corpo e da minha mente, entreguei tudo que tinha e sonhava nas mãos de Deus. E foi neste momento de entrega que de forma rápida e perfeita meu filho veio ao mundo pelas mãos de minha amiga Therully.
O choro era inevitável, a emoção ecoava pelo quarto. A dor, o cansaço e o desgaste de 18 horas ficam para trás. Contrariando os médicos, o medo de amigos e parentes o que parecia impossível aconteceu, EU PARI!!! No dia 18 de fevereiro as 18:25, nascia meu caçula pesando 2900g e 49 cm.
Agora eu tinha a recompensa em meus braços, o Mateus, recém saído de dentro de mim, ainda envolvido no vérnix usando o meu calor como incubadora e o meu leite como alimento, sem interversões desnecessária, com o corte do cordão tardiamente realizada pelo meu marido. Pele com pele, eternizando este momento único de reconhecimento e afeto.
E para terminar com chave de ouro, estávamos todos juntos orando, louvando e agradecendo uns aos outros e a Deus por este momento de vitória.
A Deus toda honra e gloria por me permitir e ajudar a viver este momento.
Ao meu marido, Angel, agradeço todo apoio, carinho e cuidado demonstrados em todo tempo.
Agradeço a Prof Ivanilde pois sem você seria impossível meu parto acontecer. Agradeço por sua coragem e carinho. O mundo precisa de mulheres como você, que não tem medo de dizer e viver a vontade de Deus para suas vidas.
Agradeço a Heli Botelho por ter se permitido ser um instrumento nas mãos de Deus para que meu sonho pudesse ser realidade.
Agradeço a Therully (Heriberto Silva) por me animar e encorajar durante todo pré-natal e trabalho de parto.
Agradeço a Marla Moraes Lüdtke por aceitar registrar momentos tão importantes da minha vida e abrir espaço em sua casa e agenda para cuidar de mim.
Agradeço ao Daniel por tornar tão divertidos os nossos dias ai com vocês e pelo açaí também, é claro.
Milagre e gratidão são as palavras que definem este parto, porque se não fosse a mão poderosa de Deus me guiando e a competência e dedicação de Ivanilde Rocha hoje eu estaria com mais uma cicatriz em meu corpo e em minha alma. Viver esta experiência me tornou uma mãe melhor não somente para o Mateus, mas para o Ruan e a Beatriz. Relembrar o parto do Mateus me ajuda acreditar na minha competência em cria-los.
Hoje sou uma mulher que sabe da sua capacidade de resistir a dor em prol de um objetivo maior. Sou capaz de passar dos meus limites físicos e mentais sem perder o foco. E mesmo quando tudo está fora do meu controle posso descansar porque Deus está no comando.
Veja as fotos: